Este
é o post que com certeza causará certa polémica entre muitos
denominados “wiccanos”. Isso porque actualmente vem sendo
distorcida a Arte, a ponto de alguns segmentos parecer um
cristianismo New Age
apenas substituindo o deus pela deusa. O paganismo resume a
utilização de alguns deuses e deusas, cujas essências não são
bem conhecidas acabando por serem modificadas, tornando-os seres
absolutamente bondosos. Mas apesar disto tudo, ainda há segmentos
dignos de crédito e atenção.
Principalmente
alguns wiccanos aceitam como verdadeiro o escrito de Charles Leland1
acreditam em Lúcifer como sendo o Deus do Sol e da Lua, o irmão de
Diana, por quem a Deusa se apaixona. Esta ideia está contida na
frase abaixo, retirada do livro mencionado:
«Diana
amou tão intensamente o seu irmão Lúcifer, o Deus do Sol e da Lua,
o Deus da Luz...».
É
deste acto de incesto nasce Aradia, Bruxa italiana trazendo então à
Terra os ensinamentos da Bruxaria da Mãe. Muitos contestam esta
versão do autor, alegando ser Lúcifer a influência do
cristianismo, embora os defensores afirmem, o Lúcifer mencionado
aqui não é o cristão, mas novamente o Deus romano. Na versão
Aridiana2,
Lúcifer não está presente e nem Diana é considerada como sendo a
Mãe de Aradia. São duas versões envolvendo a mesma personagem
lendária italiana, cabendo a cada interessado aceitar a mais lhe
parecer verdadeira.
Desta
forma, vamos dar a visão mais límpida desta deidade controversa
perante o dogmatismo clerical.
Porquê
Lúcifer? Na astronomia romana, Lúcifer era o nome dado à estrela
matutina (a estrela conhecida por outro nome romano, Vénus). A
estrela matutina aparece nos céus logo antes amanhecer, anunciando o
Sol ascendente. O nome deriva do lucem
ferre do termo
latino, o que traz, ou porta a Luz. No texto hebraico a expressão
descreve o rei babilónico antes da morte dele é Helal, filho de
Shahar
pode ser melhor traduzido como “estrela do Dia, o filho do
Amanhecer”. O nome evoca o resplendor dourado do vestido de um rei
orgulhoso e cortês (muito como o esplendor pessoal do Rei Luis XIV
de França com o título de “O Rei Sol”).
Antes
da igreja romana ter degenerado o nome do, depois arcanjo, Lúcifer,
este tinha conotação positiva. Era o Portador da Luz. Os gregos
chamaram-lhe Fósforos ou Eósforos, i.e., o planeta Vénus portadora
da Luz do dia. Na Roma, Diana (Artémis), a Deusa lunar, chamou-se
Lucífera, a Portadora da Luz. O nome de Lúcifer foi utilizado pelos
primeiros cristãos para designar Cristo, a “Luz do mundo”,
qualificado depois de Lucifer
matutinus ou de
Lucifer qui nescit
occasum (a Luz
ignorante do declínio). No Apocalipse, (II, 8; XXXII, 16), Jesus
dava a si mesmo o nome de “Estrela da Manhã” e designa também
sob essa designação o Espírito Santo.
Também
o “Grande Arquiteto do Universo” está evidentemente aparentado
com a “primeira causa” ou “primeiro motor” de Aristóteles,
sem relação com o Deus pessoal da Bíblia, revelado em carne na
pessoa de Jesus de Nazaré, a quem, naturalmente, não se lhe
reconhece como Unigénito Filho de Deus, senão como o dos muitos
“iluminados” contribuíram benefícios espirituais à humanidade.
Jesus de Nazaré é para a Maçonaria o “portador da tocha”,
juntamente com outros, Lúcifer, como seu próprio nome indica3.
Como
vimos, Lúcifer vem do latim, lux+ferre
e é denominado muitas vezes, como sendo a Estrela da Manhã. A
primeira representação, adopta este nome na Roma Antiga, onde
originalmente era utilizado para denominar o planeta Vénus quando
anunciava a poente o nascer do Sol. Porém esta ideia de um Deus da
Luz associado com a Estrela da Manhã ao invés da Aurora data de
época muito mais remota, sendo utilizada por Sócrates e Platão.
Segundo a Edith Hamilton, Mythology,
encontramos nesta ideia de Deus da Luz que estava justaposto com
Hélios e Hermes.
1
Aradia
the Gospel of the Witches
2
Proveniente da vila de Arida – dizem que a maior parte dos
discípulos de Aradia vieram desta localidade no centro da Itália.
A maioria dos praticantes modernos da Stregaria segue essa tradição.
A maioria dos ritos desta apostilha é Aridianos.
3
O verdadeiro mação não tem inclinação para credo algum. Se
percebe d a iluminação divina na Loja conduzindo-o para a religião
universal: Cristo, Buda ou Maomé – o nome importa muito pouco –
são portadores da luz e isto é o importante, não quem a leva.
Pode adorar-se em qualquer santuário, postrar-se no altar, seja
templo, mesquita, sinagoga ou catedral, pois o mação, com superior
conhecimento, compreende a unidade de toda verdade espiritual.
Olá amigo... Parabéns pelo ensaio. Particularmente, não acho que nenhuma dessas interpretações sejam errôneas ou equivocadas, assumindo a possibilidade de que todos os deuses, seus nomes, suas atribuições e seus aspectos passam por trânsitos alegóricos, que simplesmente se transformam ao longo do tempo... O Lúcifer de alguns milênios atrás pode ter poucas relações com o neopagão de hoje (assumindo, claro, as possibilidades de permanências e longaduração).
ResponderExcluirMas me diga uma coisa, fiquei curioso com um recente comentário no blog Diannus do Nemi. Pq vc tem os pés atrás com o blog? rsrs
Acho super válido ouvir críticas negativas, todas elas contribuem para o crescimento.
Abraços